Falta de experiência pode ser suprida com curso de qualificação !

A ausência de integração entre o as políticas de qualificação profissional e o mercado de trabalho é o obstáculo que precisa ser superado pela administração pública para superar o desemprego, segundo análise do economista Márcio Pochmann, ex-secretário municipal do Trabalho de São Paulo e atual presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Ele afirma que a empregabilidade baixa é causada também por uma ausência de articulações entre os programas do governo e até por uma incapacidade do empregador na hora de contratar.
- Não é somente um problema de recursos, mas falta um monitoramento das ações realizadas pelo Sistema S [que engloba o Senai e o Sesi] e nas ações de transferência de renda [bolsas de estudo]. A maioria das vagas oferecidas nos postos é para empresas de pequeno porte, que não sabem contratar e muitas vezes exigem demais do empregador e pagam pouco.
A ausência de um departamento pessoal nas empresas pequenas vira um empecilho nos postos de intermediação de mão-de-obra. Muitas vezes, é o próprio dono do negócio que faz a seleção dos funcionários, o que atrapalha na hora de explicar as exigências da contratação. Nos postos do CAT (Centro de Apoio ao Trabalho), os atendentes tentam conscientizar o empregador a flexibilizar as exigências, segundo André Munhoz, supervisor de captação de vagas.
- O nosso trabalho é conscientizar o empregador que a falta de experiência pode se suprida por cursos. Geralmente eles pedem seis meses de experiência, mas em alguns casos, ela é fundamental e realmente as vagas acabam ficando meses à espera de um candidato.
Dados divulgados pelo Caged apontam que a maior parte das vagas geradas no ano passado, mesmo com a queda geral no número de empregos formais, foi em São Paulo. O Estado teve expansão de 2,64% nas contratações, sendo responsável pela criação de 277.573 vagas. Para Pochmann, a previsão é que à medida que o cenário econômico melhore, com PIB (soma das riquezas do país) maior que 5%, o mercado se aqueça.
- São Paulo é o termômetro para o resto do país. Quem tem qualificação sai na frente e mesmo os mais vulneráveis [ao desemprego] contam com a ajuda dos postos [de intermediação]. A previsão é que 2010 seja bem superior a esse ano, inclusive com reposição dos postos da indústria cortados com a crise.