Qual a hora certa de fazer uma pós-graduação ?

Fazer um MBA “apenas” porque a empresa valoriza pode não ser uma boa idéia.
Sem dúvida, fazer uma pós-graduação é uma ótima forma de turbinar sua carreira. Se no passado recente, pós-graduação era sinônimo de mestrado stricto-sensu, com apresentação de tese e viés acadêmico, hoje é notória sua aplicação também no mundo corporativo.
O que se apresenta como uma questão a ser abordada é o excesso de ofertas de cursos de pós-graduação como conseqüência dessa demanda do mercado por profissionais mais qualificados. Como decidir qual é a melhor das opções? Em tempos de grande variedade de temas e ênfases nos cursos de pós-graduação, fica difícil, mesmo, entender como fazer a escolha certa.
Para os profissionais de tecnologia da informação, creio que há, ainda, um agravante: existem excelentes opções de cursos de pós-graduação bastante técnicos e específicos e que, por não terem nenhum conteúdo voltado à gestão propriamente dita, podem não surtir o efeito desejado de promover um próximo passo de carreira. Embora pareça fascinante para o profissional de Tecnologia da Informação aprofundar-se em algum tema sob o aspecto acadêmico, vale lembrar que nem sempre isso será valorizado pela empresa onde trabalha.
De maneira geral, cursos com uma abordagem voltada para negócios, que compreendam temas de administração como marketing, finanças, recursos humanos, por terem aplicabilidade imediata pelo profissional aos problemas recorrentes das empresas, tendem a ser melhor avaliados no mundo corporativo. Daí a popularidade dos cursos de MBA, sigla que, em inglês, quer dizer Master of Business Administration – em português, algo equivalente a mestrado em administração de empresas.
MBAs cursados no Brasil têm status de pós-graduação, segundo regulamentação recente do MEC. E esses cursos oferecem uma gama de matérias comuns aos cursos de administração — de uma forma mais superficial do que seria uma graduação, é claro – com a vantagem de, muitas vezes, serem formatados e conduzidos por professores que têm a preocupação de falar desses conceitos para “não-administradores”.
É certo que as empresas vêem com bons olhos aqueles executivos que buscam complementar sua formação profissional; portanto, não há como negar que a opção por um curso que dê ênfase me questões tão necessárias ao cotidiano empresarial tendem a ser mais valorizados na hora de se considerar uma promoção, por exemplo.
Por outro lado, nunca é demais lembrar que é importante fazer o que se gosta, em primeiro lugar. Isto é, se você tem um perfil mais técnico e está empolgado com a possibilidade de fazer uma pós-graduação que possa fazê-lo aprofundar-se em determinado assunto, não desista de fazê-lo porque as empresas tendem a não valorizar tanto esse tipo de curso quanto um MBA, por exemplo.
Fazer um MBA “apenas” porque a empresa valoriza pode não ser uma boa idéia, pois trata-se de um projeto que exige dedicação integral por aproximadamente 2 anos, período em que você precisará acumular diversas atividades e necessitará de bastante disciplina para levar adiante. Imagine-se fazer isso sem ver um sentido para você.
Reflita sobre quais são seus reais objetivos de carreira e sobre quais são suas prioridades. Nada impede que você faça um curso para avançar profissionalmente e adie um pouco seus interesses pessoais. Ou, de outra forma, você pode priorizar seu projeto pessoal e seguir em frente com um mestrado na área técnica.
Quando se trata de escolhas pessoais, acredito que não exista certo ou errado, bom ou ruim. Escolhas pessoais são resultado de reflexão e auto-conhecimento, de se saber quais são as necessidades de cada um.
Há uma frase bastante conhecida entre os enófilos (apreciadores de vinhos) que ilustra bem esse pensamento: “Existem apenas dois tipos de vinhos: os que eu gosto e os que não gosto.” Talvez existam apenas dois tipos de cursos de pós-graduação… Já pensou nisso?
Fonte:UOl, por Danielle Sarraf.